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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Quebrando o muro do silêncio...

A nadadora Joanna Maranhão, de vinte anos, recordista sulamericana nas Olimpíadas de Atenas e hoje treinando para Pequim, revelou em entrevista ao site GazetaEsportiva.net...
Joana foi vítima de abuso sexual quando tinha nove anos e treinava em um clube, em Recife. Onze anos depois ela decidiu falar pela primeira vez.
A atuação de pedófilos no ambiente esportivo não é desconhecida, como também em vários outros segmentos da sociedade. O pedófilo é um pervertido sexual, obsessivo e compulsivo na sua predileção sexual por crianças e adolescentes.
A divulgação pela mídia desta situação não surpreendeu a mim e a quem conhece e trabalha com o tema abuso sexual. Mas, por incrível que pareça, alguns membros da comunidade esportiva têm feito declarações demonstrando alienação total da realidade e, nas entrelinhas, demonstrando suspeitar da veracidade das declarações de Joanna.
Parabéns, Joanna! Sabemos que enquanto a vítima de um abuso sexual sofrer em silêncio, dificilmente conseguirá vencer o trauma. Esta sua postura servirá de modelo para milhares de crianças, que deixam de contar sobre o abuso sexual sofrido, porque ninguém acredita nelas. A criança cresce então com profundo sentimento de culpa e vergonha. O que você passou não é um problema só seu. Muitas crianças são vítimas de abuso sexual por pessoas que mantém com elas uma relação de confiança e de amizade, muitas vezes, uma relação de autoridade, de poder e dependência. A criança cede por medo e se cala por vergonha.
Joanna com a ajuda de sua família, que a apóia integralmente, conseguiu derrubar o muro do silêncio que cercava essas memórias traumáticas. Servirá de exemplo para muitas crianças, homens e mulheres, já adultos, e que não tiveram a coragem que teve Joanna, que hoje está livre de um fardo que carregou durante, no mínimo, onze anos.
Que a sociedade se conscientize de que o abusador sexual está em todas as classes sociais e que, na maioria das vezes, é uma pessoa conhecida da família, que nele confia. E que as autoridades esportivas não se fechem corporativamente a uma realidade.

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